Na semana passada iniciámos um projeto de fotografia. Já há algum tempo que tencionava colocar uma máquina fotográfica nas mãos das crianças e observar as suas decisões: tendo apenas a hipótese de tirar duas fotografias, o que iriam decidir fotografar?
Iniciámos este projeto com uma pergunta: o que é uma imagem? A forma como conduzi a conversa que se desenvolveu foi com a postura de quem observa e regista; no entanto, de vez em quando retribuía perguntas reformuladas com base naquilo que as crianças diziam. Tentei seguir a via filosófica que aprendi com a Joana da filocriatividade.
As respostas à pergunta “o que é uma imagem?” colocaram sorrisos nos rostos dos adultos – no meu e no dos professores titulares:
“Uma imagem é: tu tiras uma foto e vês que tu és lindo.” – W. 6 anos.
“Pode ser uma coisa que as pessoas desenham ou ilustram, ou imagens de desenhos ou filmes. É o que os nossos olhos vêm.” – T. 7 anos.
“Pode ser um desenho que as pessoas vão ver em qualquer lado; é o que nós vemos.” – A. 6 anos.
“É uma coisa que a gente pode admirar.” – A. 7 anos.
“Uma imagem é a gente podemos [poder] ver uma girafa, um cão, pessoas.” – S. 6 anos.
Mesmo sem falar de fotografia, todos associaram que o conceito de imagem corresponde ao de fotografia. Tentei aprofundar o conceito mostrando um livro: “Este livro conta uma história. Temos a parte escrita, e através do que lemos ficamos a saber coisas” (tapando a imagem e deixando o texto a descoberto). “Mas se eu tapar o que está escrito, o que é que ficamos a saber pela imagem?” Começaram então a descrever o que viam e houve até quem inventasse logo um enredo. Conversámos sobre a forma como as imagens podem ter relação com o texto ou como podem contar-nos coisas por si só; falámos sobre os vários tipos de imagem que conhecemos.
Perguntei às crianças com que objeto costumavam fotografar e a resposta foi a que esperava: com os telemóveis. Apenas uma criança disse que estava habituada a fotografar com máquina. Decidi então mostrar-lhes a máquina compacta que tinha levado e dizer-lhes que seria com aquela máquina que iriam fotografar. Ficaram super entusiasmados! Foi então que perguntei: se fossemos lá para fora tirar fotografias, iriam fotografar o quê? As respostas foram variadas: as flores, as lagartas, o sol, os lagos (poças)…
Fomos para o exterior colocar os desejos em prática. Este exercício resultou na captura de uma coletânea de imagens sob o ponto de vista das crianças: foram elas que escolheram o que fotografar e como. Apenas tive de dizer como fariam para focar a imagem e carregar no botão, pois a tendência era carregarem na imagem, fruto do hábito vindo dos telemóveis. As fotografias tiradas pelas crianças darão continuidade a este projeto.
Novidades em breve 🙂
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