O primeiro livro que li do Afonso Cruz foi “A Boneca de Kokoschka”. A narrativa prendeu-me profundamente durante dois dias de leitura, algo que não me acontecia há muitos anos, mais precisamente desde a adolescência. Parte da ação passa-se durante a 2ª Guerra Mundial; a outra parte, no pós-guerra. Penso que, de um modo geral, todas as pessoas consideram que uma guerra é uma coisa má (ou então é ingenuidade minha pensar assim), mas neste livro, o autor faz questão de nos demonstrar detalhes do que é isso de viver uma guerra.
Toda a narrativa é pincelada de arte, não fosse Kokoschka o nome de um pintor. As artes marcam presença e a filosofia também. Trata-se de uma leitura que me tocou profundamente.

Há uns valentes anos, talvez uns sete, vi este “Jesus Cristo Bebia Cerveja” à venda. Achei piada ao título, visto se tratar de uma bebida com a qual tenho uma relação peculiar. Nos anos de faculdade, apenas bebia cerveja acompanhada de gasosa, vulgo panaché, ou com groselha, o conhecido tango. Uns anos mais tarde comecei a provar cervejas artesanais e foi aí que conheci as “ruivas” e as “pretas”. Embora eu seja uma pessoa de vinho tinto, gosto de apreciar uma boa cerveja preta. E não, naquela altura não comprei o livro.
A verdade é que o adquiri há umas semanas. Após ter tido a minha primeira experiência literária afonsocruziana, quis a minha memória ir buscar a sensação de piada que senti quando vi este título que fala de lúpulo; um livro tem de tudo: amor, crime, religião, ciência. Tem o cheiro das flores silvestres e as paisagens rurais. E claro, tem o cheiro da cerveja. Embora não tenha sido uma leitura hipnótica como na experiência anterior, Afonso Cruz oferece palavras e frases que nos deixem a pensar.
Deixo aqui algumas das minhas favoritas:
“Quando acordaram de manhã, na mesma cama, ela disse-lhe que queria ter um passado com ele. Não era um futuro, que é uma coisa incerta, mas um passado, que é isso que têm dois velhos depois de passarem uma vida juntos”
“Numa sociedade, se houver espaço, nunca há conflito”.
“Nós não somos nós, somos o que damos.”
“É sempre assim, basta olhar para quem tem poder: criminosos adorados como o bezerro de outro dos antigos hebreus. Quanto mais terríveis somos, mais as pessoas se dobram e exultam à nossa passagem”.
E assim se faz uma fã.
Obrigada por me alertares para a importancia de ler um autror que nunca li . Abraço
Fiquei fã dele professora! Beijinhos e boas leituras!