Menino Menina, de Joana Estrela, Planeta Tangerina
Por estes dias fará dois anos que frequentei uma formação sobre género na infância no Teatro Municipal São Luiz. Esta formação foi feita a par com a exibição do espetáculo “É pró menino e prá menina” de Catarina Requeijo. Embora o assunto não me fosse de todo desconhecido, a verdade é que aquele momento de partilha me ajudou a refletir sobre estas questões. Aquilo que definimos como género masculino ou feminino está fortemente ligado aos costumes de uma dada comunidade ou da cultura de uma sociedade.

Este livro da Joana Estrela fez-me recordar essa formação. Confesso o meu entusiasmo por estar a ver crescer a oferta de livros ilustrados para a infância que abordam este assunto!

Afinal, aquilo que somos é definido pelo nosso cabelo ou pela roupa que vestimos? Há várias culturas, nomeadamente povos árabes, em que os homens usam vestidos…

Acho que, na verdade, este livro não é para crianças. Ele existe para esclarecer os adultos.

Idealizei o quarto do meu filho sem saber qual era a sua genitália, quando ainda estava grávida. Há uma tendência muito enraizada nas nossas cabeças para associar o rosa às meninas e o azul aos meninos; os jogos e legos para os rapazes, as bonecas para as raparigas.

Sou apologista de que qualquer criança deve ter a possibilidade de brincar com tudo. É através dessa possibilidade que, ao longo da infância, as crianças vão descobrindo e traçando a sua personalidade.

Afinal…quantas mulheres conhecem vocês que sejam eletricistas? Ou homens educadores de infância? É por isso que o meu filho tanto brinca com a boneca a “dar-lhe comida” como com os carros e os encaixes…

Compreendo a necessidade que o ser humano tem de arrumar tudo em gavetinhas mas a humanidade não se consegue arrumar assim. E a beleza de se viver na diversidade é mesmo essa!

E já agora… Muitos parabéns à Editora Planeta Tangerina que faz 20 anos, fogo!