Teatro, de Ricardo Henriques e André Letria, editado pela Pato Lógico
Este livro não conta uma história, conta várias. Não, esperem, enganei-me: este livro conta uma história com vários finais possíveis… ah, afinal também não, este livro faz-nos querer inventar histórias, assim é que é!
Este Atividário é isto e muito mais: é aquilo que nós fizermos dele. Quando comecei a dar aulas de Expressões Artísticas perguntei ao grupo de crianças que coisas gostariam de fazer nas aulas: entre recortes e pinturas, todos mencionaram teatro. Depois de terminarmos os projetos que tínhamos pendentes levei este livro para a escola e começámos a explorá-lo: ficámos a saber que o teatro foi inventado pelos gregos.

Comparámos a diferença entre teatro e anfiteatro; falei-lhes do Teatro Romano, local que é me é tão familiar pelas imensas visitas que lá fiz.

Foi então que me tornei escriba: comecei a escrever o que eles me iam ditando, estavam cheios de ideias para aquela trama. De vez em quando pediam-me para ler tudo, precisavam de saber o ponto de situação da história. Visto que este projeto nos ocupou mais de uma semana, uma das aulas serviu para fazer alguns adereços em cartão como forma de identificar as personagens.

Antes de passarmos ao espetáculo propriamente dito, este Atividário incitou-nos ao desenvolvimento das nossas capacidades de expressão corporal pelo que fizemos vários jogos de mímica.

Na semana passada a peça entrou em cena: um drama que envolveu um cavaleiro branco, um ninja, uma rainha e a sua filha princesa, um super-herói e um “matador”. Houve cenas com jogos de luta que me deixaram a refletir sobre como poderei eu apoiar estas crianças a pensar sobre a violência. Este grupo (e um outro onde lecciono Artes Plásticas) tem o pavio curto. Temos conversado sobre as nossas diferenças, sobre o que gostamos e não gostamos. Estes momentos de teatro revelaram-se conciliadores do grupo no sentido em que a luta é de facto a fingir; e foi tão bom poder observar isso e sentir a alegria deles em serem atores da sua própria narrativa. No final do espetáculo senti-os unidos de uma forma que nunca sentido.

Uma coisa é certa: continuaremos a explorar este “Teatro”.