Helena Almeida de Mafalda Brito, ilustrado por Rui Pedro Lourenço, Barca do Inferno.
Intitulado Helena Almeida, eis um livro que nos conta a história da artista (1934-2018) e que nos dá a conhecer os aspetos chave da sua obra e do seu contexto histórico. Esta publicação da Barca do Inferno faz parte da coleção Artistas Portugueses do Século XX (recomendada pelo Plano Nacional de Leitura) e um dos seus objetivos é aproximar o público infantil e juvenil àquilo que é são as Artes Visuais, a Arte Contemporânea e ao que é uma obra de arte.

Ao longo deste livro são colocadas questões que podem dar aso a reflexão: “o que é a pintura? Quais são as (im)possibilidades da pintura”? Mantendo o seu olhar de pintora, Helena Almeida sentiu a necessidade de “ocupar outros espaços”, expressando a sua arte através de outros suportes como a fotografia ou o vídeo. Trata-se de uma leitura que nos provoca e incita a experimentarmos também uma aventura pelas representações visuais. “Será que conseguimos representar aquilo que vemos”?

As questões a que Helena Almeira procurava respoder fizeram-me lembrar uma aula de filosofia do 10º ano em que a minha professora nos questionou: “isto é uma mesa. Será que é mesmo uma mesa? Como sabemos que é uma mesa? Se eu desmanchar o tampo das pernas isto continua a ser uma mesa?”

A junção de todas as partes não é igual do todo. Lembro-me de me imaginar com aspeto cubista, qual Ana Sofia pintada por Picasso: olhos esquisitos, um em cima e outro em baixo, boca no sítio no queixo, o cabelo sei lá como. Divaguei algum tempo nesta imagem. Ainda hoje isso acontece.

As ilustrações que acompanham a narrativa recriam algumas das obras da artista: dá-nos vontade de ir pesquisar as originais e, ao fazê-lo, reconhecêmo-las facilmente.

Neste livro cabem várias questões existenciais e uma tremenda vontade de criar imagens. Cabe também a cor azul, uma cor cheia de significado para Helena Almeida. E para vocês, que significado tem o azul?
