O Senhor da Dança de Véronique Tadjo, Falas Afrikanas
Neste livro cabe uma máscara de madeira, o misticismo e a importância dos contos africanos.
A máscara “vivia com o céu e com a terra” e convida-nos a dançar com a lua, com as estrelas e com o sol. Ao fundo, ouvimos um tambor.

Esta história faz-nos pensar no regresso às origens. Fala de uma terra em que os vales e as montanhas se destacavam no horizonte, numa abundância em que a água envolvia a Natureza. Na minha mente, imagino um vale em que as pessoas convivem em harmonia com os animais.

A máscara, esse objeto mítico e poderoso, leva-nos a dançar. Uma máscara que foi talhada à mão por escultores ágeis.

Penso que todas as pessoas têm as suas crenças. Há quem acredite num deus, há quem acredite em vários deuses. Os que dizem em nada acreditar por norma chegam à conclusão de que acreditam neles próprios.

Chegou então o dia em que a máscara passa a ser sinal de vergonha, um símbolo da ignorância. Abandonaram-na, esconderam-na. E as pessoas passaram a ser reinadas pelo betão e pelo aço. Abandonou-se a Natureza em prol do imediato: da mesma forma que o asfalto vem invadindo as nossas praias.
Mas o tambor continua a tocar lá ao fundo. Talvez seja o bater de um coração?

A espiritualidade é algo inerente ao ser humano. Prova disso são os cromeleques que andam espalhados pelo mundo, monumentos da Pré-História erguidos àquilo que nos é superior: a mãe Natureza.

Esta história é inspirada na Máscara Senufo, um povo que vive no norte da Costa do Marfim e no Sul do Mali e do Burkina Faso. A explicação dada no final do livro é a de que, “de acordo com as suas tradições, eles [os Senufo] cultivam a terra e acreditam que espíritos invisíveis povoam a natureza”.
Estas máscaras ainda hoje existem.
Falas Afrikanas é um projeto editoral cuja ideia de base é trazer para um público falante da língua portuguesa obras de autoras e autores africanos publicadas originalmente em outras línguas.